Os detalhes da vacina foram apresentados pelo reitor da UFPR, Ricardo Marcelo Fonseca, e por três professores/pesquisadores que encabeçam a pesquisa
O Brasil pode ganhar no ano que vem uma vacina contra a Covid-19 integralmente desenvolvida no Paraná. Criado pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), o imunizante está sendo desenvolvido por professores e cientistas da instituição e já demonstrou títulos de anticorpos comparáveis e até superiores aos reportados pela vacina AstraZeneca/Oxford. O imunizante está em estudos na fase pré-clínica realizados em camundongos.
A previsão é de que a vacina possa estar disponível em 2022. A informação foi revelada na reunião desta segunda-feira (29) da Frente Parlamentar do Coronavírus da Assembleia Legislativa do Paraná.
Durante o encontro, os deputados membros da Frente aprovaram o envio de um requerimento para Mesa Executiva da Assembleia solicitando a destinação de R$ 2 milhões de recursos do próprio orçamento da Casa para ajudar a financiar o desenvolvimento da vacina paranaense. A importância do apoio para o estudo foi destacada pelo coordenador da Frente Parlamentar, deputado Michele Caputo (PSDB).
“A Universidade Federal do Paraná nunca nos falta no trabalho em busca da ciência e da pesquisa”, afirmou Caputo.
Os detalhes da vacina foram apresentados pelo reitor da UFPR, Ricardo Marcelo Fonseca, e por três professores/pesquisadores que encabeçam a pesquisa. Segundo o reitor, a vacina usa insumos nacionais, o que diminui o custo de produção do imunizante.
De acordo com a UFPR, a vacina se mostrou eficaz sem o acréscimo de adjuvante, substância utilizada para facilitar a resposta imune normal. As partículas do polímero bacteriano polihidroxibutirato (PHB), utilizadas pelos pesquisadores para inserir partes da proteína viral do Sars-CoV-2 no organismo, já apresentam a atividade de adjuvante, mostrando a resposta imune em camundongos.
“Temos hoje no Brasil entre oito e 10 vacinas em desenvolvimento. A nossa vacina está entre as cinco mais avançadas. Nossa previsão é de que em seis meses podemos chegar na fase de testes clínicos”, informou o reitor da universidade.
Esforços – Além deles, a reunião contou com a participação do secretário-chefe da Casa Civil, Guto Silva, que explicou o trabalho do governo estadual para garantir a imunização da população. Guto Silva informou que o governo já iniciou as tratativas junto ao Ministério da Saúde para a instalação de uma fábrica de vacinas no Paraná.
De acordo com o chefe da Casa Civil, os investimentos podem chegar a R$ 1 bilhão. “Com esta fábrica, poderíamos contribuir para termos em breve uma vacina totalmente paranaense, criando um terceiro eixo de tecnologia, além de Rio Janeiro e São Paulo”, disse Guto Silva. O diretor-executivo do Consórcio Paraná Saúde, Carlos Setti, detalhou os esforços do órgão para adquirir vacinas. Segundo Setti, o Consórcio iniciou tratativas com 12 fabricantes de vacinas, que informaram que a comercialização de imunizantes está sendo realizada apenas para o governo federal e a Organização Mundial de Saúde (OMS).
“No momento, não é possível avançar na compra de vacinas”, disse.
Oxigênio – O coordenador-geral da Defesa Civil do Paraná, coronel Fernando Schunig, explicou que o órgão está realizando um trabalho para arrecadar cilindros de oxigênio que estão sendo distribuídos para instituições de saúde.
De acordo com Schunig, o Estado já recebeu 264 cilindros. “Eles estão sendo distribuídos conforme uma lista de prioridades da Secretaria Estadual da Saúde”, informou. Segundo o órgão, empresas e pessoas físicas podem ajudar a evitar a falta de oxigênio.
A Coordenadoria Estadual de Defesa Civil disponibilizou um número de telefone, com atendentes disponíveis 24 horas por dia, para quem puder doar ou emprestar cilindros de oxigênio O objetivo é aumentar os estoques no Estado, comprometidos com o aumento de internações causadas pela Covid-19.
Quem quiser doar basta só ligar para o número (41) 3281-2532. As doações podem ser feitas de qualquer lugar do Paraná e os cilindros poderão ser devolvidos.
Por fim, o diretor do Hospital San Julian, Ricardo Sbalqueiro, falou sobre os impactos da Covid-19 em hospitais psiquiátricos e os prejuízos da doença à saúde mental das pessoas. Ele explicou como, além da contaminação, o vírus tem outras consequências na vida das pessoas, resultando no aumento da depressão e suicídios.
“Temos um cenário bastante agravado”, explicou. Mini usinas – O deputado Reichembach (PSC), que participou da reunião, sugeriu que sejam instaladas mini usinas de oxigênio nos municípios paranaenses. “Esta é uma solução emergencial que tem sido adotada em algumas cidades do Sudoeste, o que vai gerar um alívio para os hospitais e famílias que têm seus entes queridos internados e precisando deste recurso”, afirma. Segundo o deputado, Ampére, Santa Izabel do Oeste e Dois Vizinhos são exemplos de municípios que aderiram à iniciativa, e que poderão abastecer os cilindros dos hospitais in loco.
Francisco Beltrão deve iniciar a instalação da usina ainda esta semana. Além disso, também poderão ser abastecidos os equipamentos utilizados em ambulâncias, e os cilindros de pacientes que fazem uso do oxigênio para o tratamento em casa. Clevelândia e Mariópolis, ambos municípios do Sudoeste, se uniram para a instalação da mini usina, um investimento de cerca de R$ 300 mil, com capacidade de 161,28 metros cúbicos produzidos por dia.
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