Toda a mercadoria tem valor de mercado estimado em R$ 150 mil
Caixas e mais caixas de medicamentos sem qualquer registro de liberação pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Frascos vazios, grande quantidades de frascos lacrados com cápsulas prontas para comercialização, rótulos de diversos produtos em desacordo com a legislação vigente, potes de cremes e de gel massageador, com indicações para uso em atletas e pacotes de sílica fechados e em sachês misturados em uma bacia pequena com algodão e cápsulas a granel.
Toda essa mercadoria, com valor de mercado estimado em R$ 150 mil, estava guardado num posto de combustíveis da cidade de Cafelândia. Boa parte dos medicamentos era vendida para pessoas que querem emagrecer. Ilusão. Todos são falsos.
A denúncia sobre comercialização irregular foi registrada em Realeza, encaminhada para a Divisão de Vigilância Sanitária de produtos do Paraná e na sequência levada ao conhecimento da 10ª Regional de Saúde de Cascavel, que junto com a Vigilância Sanitária de Cafelândia foi até o posto para verificar a procedência da denuncia.
Max Turbo Reduction, foi este medicamento de nome forte e imponente, que gerou a denúncia. Dele a fiscalização encontrou no local 25 frascos vazios, 60 etiquetas e 14 rótulos. Kit suficiente para embalar e vender os remédios falsificados. A vigilância não encontrou um mini laboratório no depósito do posto de combustíveis e acredita que os medicamentos já vem prontos, à espera de clientes para envase imediato.
A CATVE teve acesso ao relatório completo de inspeção. O documento da vigilância diz que os donos do estabelecimentos, um casal, estavam no local quando a equipe chegou.
A mulher deixou o local após conversar com o advogado. A ação foi acompanhado pelo esposo dela, que também saiu do posto de combustível após a chegada do advogado. O proprietário informou apenas que os medicamentos foram comprados pela internet e entregue pelos correios. Essa foto mostra a compra de Silica entregue no estabelecimento. Todos os produtos irregulares foram interditados cautelarmente, ou seja, lacrados por três meses e que podem ser recolhidos no andamento das investigações.
No total 11 caixas estão interditadas. A vigilância não tem o poder de retiras os volumes do depósito e como os medicamentos não tem registro algum na Anvisa, as cápsulas não passaram ainda por uma análise laboratorial, que poderá identificar as substâncias existentes nos medicamentos e os prejuízos que eles podem causar em quem fez ou faz uso deles.
O Ministério Público e a Policia Civil de Nova Aurora foram notificados logo após a inspeção.
O delegado da Policia Civil de Nova Aurora, comarca a qual pertence Cafelândia, afirma que aguarda a conclusão do relatório da vigilância para dar andamento a um inquérito policia que já foi aberto.
No curso das investigações da vigilância sanitária foi verificado que os donos dos medicamentos adquiriram uma farmácia em Cafelândia, que nunca funcionou. Ao lado do posto uma sala comercial chegou a ser construída para instalação dessa farmácia, mas o local está fechado.
O problema, segundo a vigilância, é que o antigo proprietário ainda responde pelo estoque que foi vendido e os medicamentos ainda estão registrados no sistema. Ele precisa informar o destino dos remédios, de acordo com a legislação, que não podem ser descartados irregularmente.
A antiga farmácia funcionava na principal avenida de Cafelândia, nesta sala onde hoje está instalada uma loja de confecções. O prédio pertence a este farmacêutico, que manteve o estabelecimento aberto por muitos anos na cidade.
Hoje ele é o presidente da Câmara Municipal e afirma que foi pego de surpresa com a notícia de que os compradores do estoque podem estar envolvidos em um esquema de falsificação de medicamentos.
Charles contou que fez um contato com o comprado do estoque da farmácia imediatamente após a notificação do órgão competente e que ele teria se comprometido a devolver tudo que foi adquirido, incluindo medicamentos que já estão vencidos.
A vigilância não sabe dizer se os produtos comprados da farmácia podem estar sendo utilizados para fabricação irregular de remédios.
Nossa reportagem foi até o posto de combustível para falar com os proprietários, mas eles não estavam no estabelecimento. Sem saber que estava sendo gravado um funcionário admitiu a intenção dos donos de abrir uma farmácia anexa ao posto.
Também tentamos contato por telefone várias meses, mas não fomos atendidos.
Ao que tudo indica os remédios falsos eram vendidos no posto de combustível, em grupos de WhatsApp e de outras formas na internet.
Algumas descrições nos rótulos são surreais: emagrecedor, inibidor de apetite, antienvelhecimento, combate a anemia e acredite, até nutrição de bebês. Essa semana em Curitiba 13 pessoas foram presas pela Policia Civil de Curitiba. Todas suspeitas de vender ilusões. Remédios para emagrecer.
ATUALIZAÇÃO
Após a veiculação da reportagem, o presidente da Câmara de Cafelândia, Charles Roling, informou que conseguiu fazer a repatriação dos medicamentos que foram vendidos para o suposto falsificador de remédios para emagrecer, isso é, eles foram localizados.
Segundo ele, os medicamentos estão em posse dos seus advogados.
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