Durante dois dias, especialistas participaram do 8º Seminário Internacional do Marco Legal da Primeira Infância e debateram importância da escuta ativa de crianças
A Frente Parlamentar Mista da Primeira Infância em conjunto com a Secretaria da Mulher da Câmara dos Deputados realizaram, nesta semana, o 8º Seminário Internacional do Marco Legal da Primeira Infância. Durante dois dias, especialistas nacionais e internacionais debateram os avanços e também os desafios da escuta especializada das crianças.
Como encaminhamento do seminário, foi lançada a Campanha Nacional de Sensibilização de Candidatos à Presidência da República para com a Agenda da Primeira Infância, formulada a partir da Escuta das Crianças.
De acordo com a coordenadora da Frente Parlamentar Mista da Primeira Infância, deputada federal Leandre Dal Ponte (PSD-PR), o evento também permitiu a troca de experiências regionais de políticas públicas para crianças de 0 a 6 anos.
“Incluir a participação das crianças na definição das ações que lhes digam respeito em conformidade com as suas características etárias e de desenvolvimento é o segundo princípio que devemos observar para formular e executar as políticas públicas voltadas ao atendimento dos direitos das crianças na Primeira Infância”, destacou a deputada do PSD do Paraná.
A abertura do evento, na quarta-feira, contou com a presença de Damares Alves, ex-ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, que deixou o cargo para disputar as eleições deste ano, do ex-ministro, o deputado federal, Osmar Terra, e de autoridades na primeira infância do Chile, Itália, Canadá e parlamentares do Brasil.
Primeiro dia
Na quarta-feira (30), os especialistas abordaram as consequências da pandemia sobre a educação das crianças entre zero e seis anos. Segundo eles, no período da pandemia, as crianças estavam mais vulneráveis à violência.
O representante da Sociedade Brasileira de Pediatria, Ricardo Queiroz, afirmou que, durante esses dois anos, as crianças e adolescentes acumularam déficits de desenvolvimento que vão demorar vários anos para serem compensados.
O Instituto Alana, em parceria com a Universidade de São Paulo (USP), realizou pesquisa para averiguar o impacto da pandemia em crianças e adolescentes. Segundo a pesquisa, 13% das crianças deixaram de comer por não irem para escolas ou creches.
Já o secretário Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente, Maurício Cunha, destacou que a subnotificação dos casos de violência contra jovens e crianças é um problema que precisa ser enfrentado para que as vítimas possam ter acesso à assistência adequada.
Segundo dia
A quinta-feira (31), segundo dia do evento, foi a vez do compartilhamento de experiências exitosas, com cases de sucesso das cinco regiões brasileiras: Norte, Nordeste, Centro-Oeste, Sudeste e Sul.
Entre os destaques, o delegado Wilkinson Fabiano Oliveira de Arruda de Marmeleiro, falou sobre os trabalhos da Delegacia Amiga da Criança, uma experiência inovadora no acolhimento das crianças em espaços adequados enquanto os pais recebem atendimento.
Também do Paraná, o programa Universidade da Criança, desenvolvido no município de Chopinzinho, região Sudoeste do Paraná, foi evidenciado durante o evento. Através do programa, Chopinzinho foi o primeiro município do Brasil a desenvolver, aprovar e colocar em prática um Plano Municipal para a Primeira Infância.
A deputada Leandre, que nasceu em Chopinzinho, afirmou que, mesmo com o protagonismo do município paranaense, fazer o Plano Municipal pela Primeira Infância é a parte mais fácil. Difícil mesmo, segundo ela, é fazer com que o plano mude histórias de vida.
“E isso depende de muita dedicação de todas as pessoas que vivem na cidade. A criança, e a gente descobriu fazendo esse trabalho em Chopinzinho, não pode ser só responsabilidade da família ou do Estado. Ela tem que ser uma responsabilidade de todos nós, como cidadãos brasileiros. Nenhuma criança escolhe onde vai nascer. Chopinzinho é uma cidade pequena, mas que com certeza terá muitos filhos que poderão chegar ao Congresso Nacional como eu cheguei. É isso que a gente quer que todas as crianças tenham: oportunidades”, concluiu.
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