Daniel Alves da Luz, de 30 anos, é motorista e em virtude da doença, tinha crises convulsivas praticamente todos os dias, e estava afastado do trabalho há pouco mais de um ano.
Você já pensou passar por uma cirurgia cerebral acordado? Pois é, a equipe de neurocirurgia do Hospital Ministro Costa Cavalcanti, realizou pela terceira vez, uma cirurgia para extração de tumor cerebral com o paciente acordado.
Daniel Alves da Luz, de 30 anos, é motorista e em virtude da doença, tinha crises convulsivas praticamente todos os dias, e estava afastado do trabalho há pouco mais de um ano.
O procedimento foi liderado e realizado pelos neurocirurgiões Dr. Elton Gomes e Dr. Edgar Farina. Durante as sete horas de cirurgia, Daniel conversou e gesticulou sempre que solicitado pela equipe cirúrgica.
Segundo o neurocirurgião, “a eletroestimulação é importante para evitar que ocorram lesões nas áreas sensorial, motora e da fala”, explicou. De acordo com Dr. Elton, esta cirurgia trata-se de um grande avanço na medicina, pois é possível fazer, de forma segura, um verdadeiro mapeamento do cérebro do paciente, evitando-se lesões que podem comprometer áreas importantes e refletir na qualidade de vida do paciente. “A proposta é que possamos reduzir o tumor sem deixar sequelas para o paciente. No caso do Daniel, retiramos 50%, o restante, trataremos com radioterapia, pois grande parte infiltrava a área da fala e se retirássemos o paciente não poderia mais movimentar o lado direito e falar”, frisou o médico.
De acordo com o cirurgião, essa técnica não é aplicada para todos os pacientes. “A lesão cerebral necessita estar próximo ou em áreas eloquentes (motoras, sensitivas, linguagem e áreas que estão envolvidas com a função cognitivas, cálculos e artísticas), no caso do Daniel estava afetando a área fronto-temporal do lado esquerdo, responsável pela expressão da fala e movimento do lado direito do corpo”, detalhou Elton.
A cirurgia contou com o empenho e colaboração dos outros membros da equipe de neurocirurgia: Dr. Edgar Farina, do neurofisiologista Dr. Gustavo Gabellini, do anestesiologista Dr. Gustavo Kleiniibing e da equipe de enfermagem. “Trata-se de uma cirurgia feita em muitas mãos; é necessária a ajuda de todos para alcançar sucesso”, acrescentou Dr. Elton.
O paciente
Daniel passa bem e está com alta prevista para amanhã, dia 09, terça-feira. “Estou me sentindo ótimo, pronto para ir para casa e ficar com minha família”, contou o paciente.
Entenda
Normalmente as neurocirurgias são realizadas com o paciente sob anestesia geral, ou seja, inconsciente (dormindo), porém, quando o tumor está próximo a áreas com funções especiais do cérebro, como é o caso da fala, movimentação e sensibilidade, há o risco que estas funções especiais sejam perdidas, caso sejam lesadas durante o procedimento. “Mantendo o paciente acordado durante a cirurgia, estas áreas podem ser monitoradas em tempo real. Sendo assim, são menores as chances de lesão e é possível uma otimização do tratamento”, completou Dr. Elton Gomes.
Quando começou
A técnica iniciou com o neurocirurgião francês Hugues Duffau, quando, segundo a revista francesa L´Express, aprendeu a técnica, nos Estados Unidos, seguindo os primeiros passos do médico canadense Wilder Penfield, que já estavam caindo no esquecimento. Penfield, que faleceu em 1976, aproveitava suas cirurgias de epilepsia, com os pacientes acordados, para tentar “mapear” o cérebro. Único a acreditar na técnica, o neurocirurgião francês, ao voltar ao seu país, em 1996, aperfeiçoou-a e começou a utilizá-la na retirada de tumores cerebrais, visando evitar sequelas.
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